Oficina Colaborativa promove conversa sobre Recursos Hídricos na Península de Setúbal
O Auditório dos Serviços Operacionais da Câmara Municipal do Seixal, recebeu no dia 18 de maio, a Oficina Colaborativa “Recursos Hídricos na Península de Setúbal – Desafios e Estratégias para o Futuro”, organizada pela AMRS – Associação de Municípios da Região de Setúbal em parceria com a AIA - Associação Intermunicipal da Água da Região de Setúbal.
A Oficina Colaborativa, que teve como objetivos disseminar conhecimento sobre a questão dos Recursos Hídricos e sua gestão, integrando a problemática das alterações climáticas, promovendo as capacidades de avaliação estratégica e identificação de soluções, num ambiente de mudança, contou a participação de cerca de meia centena de pessoas. Entre os presentes contaram-se autarcas – membros dos executivos municipais e de assembleias municipais - e técnicos dos municípios associados da AIA e da AMRS, bem como representantes de entidades parceiras de cariz técnico e científico do setor dos recursos hídricos.
Abriu a sessão, o vereador da Câmara Municipal do Seixal, também membro dos órgãos sociais da AMRS e da AIA, Joaquim Tavares, que dando as boas-vindas e saudando os participantes, enalteceu a realização da iniciativa, no quadro das preocupações que se vivem em todo o mundo, em Portugal e naturalmente também na Península de Setúbal. O autarca a afirmou a importância e o empenho das autarquias deste território, na execução qualificada das suas competências em matéria de abastecimento público e, não só, também por essa via, de contribuir para uma gestão sustentável e robusta dos recursos hídricos como bem estratégico para o desenvolvimento regional, numa perspetiva de bem comum. Neste contexto sublinhou a importância da AIA, como instrumento dos municípios, com vista a colaborar e promover uma gestão integrada com todos os setores utilizadores e articulada entre os operadores municipais das disponibilidades e origens do Aquífero Tejo-Sado na sua Margem Esquerda. Concluindo, ser o caminho percorrido «reconhecido por diversas entidades, contudo ainda necessário reconhecer pelo governo, nomeadamente, no apoio aos investimentos que têm sido feitos nesta área».
Esta oficina contou como oradores, a Professora Maria Manuel Simões, docente e investigadora da FCT-NOVA, que trouxe uma síntese do conhecimento cientifico disponível e alguns debates académicos em curso sobre a estrutura, funcionamento e avaliação do balanço hídrico do Aquífero Tejo-Sado Margem Esquerda, e o Professor Rodrigo Proença de Oliveira, docente e investigador do IST- Universidade de Lisboa, que apresentou uma perspetiva do impacto das alterações climáticas nas disponibilidades hídricas da Península de Setúbal e possíveis estratégias de adaptação aos desafios do futuro..
Das intervenções dos oradores convidados e do debate que se lhe seguiu ressaltou uma visão partilhada da importância estratégica dos recursos hídricos subterrâneos para a Península de Setúbal, da necessidade de aprofundar o conhecimento disponível sobre as suas disponibilidades e usos, com o esforço conjugado da Administração Central, Local e da Academia, designadamente no sentido de qualificar os meios de monitorização e fiscalização – clima, disponibilidades e usos. Foi ainda sublinhada a necessidade de se discutir, no contexto do enquadramento existente de prioridades de usos, um quadro orientador e de aplicação futura aos recursos da Região. Por fim ficou o alerta de que num futuro de médio prazo as alterações climáticas afetarão a pluviosidade e a temperatura no Território, num sentido que implicará o condicionamento das disponibilidades, sendo necessário responder quer na gestão das necessidades: garantia dos volumes para fins ambientais; uma gestão da procura mais interventiva; incremento da eficiência hídrica, nos usos urbanos, industriais e agrícolas e por outro, quer na gestão e no potenciar das disponibilidades: interligação dos sistemas municipais e diversificação de origens – tal como preconiza o projeto de criação do Sistema Intermunicipal de Abastecimento de Água em Alta à Península de Setúbal em desenvolvimento pela AIA -, gestão da recarga, reutilização de águas residuais tratadas e num futuro mais longínquo em ultimo recurso dessalinização a partir do inesgotável manancial hídrico, fluvial e oceânico, que envolve a Península.